Uma vez eu fiz
uma viagem de férias. E mesmo sabendo que só ia visitar alguns familiares, acabei
aproveitando o quanto pude. E quando falo que aproveitei, digo que aproveitei
até a paisagem na janela do ônibus. Quase sempre não consigo dormir em viagens,
então reparo um pouco no mundo que existe lá fora. E começo a achar que a
melhor parte da minha viagem é a ida e a volta. Pois eu sinto vontade de estar
em cada cidadezinha que vai passando bem rápido pela janela. Fico me imaginando
embaixo da sombra de cada árvore. Fico com vontade de me soltar no mundo. Mas
quando o ônibus chega ao destino final, dentro de uma grande cidade, e vai até
a rodoviária, meu coração se parte. Não é que eu odeie rodoviárias, eu até
gosto, mas é triste. É triste ver que as pessoas estão ali só de passagem, elas
chegam com suas malas prontas, algumas com a cabeça erguida, outros com pressa,
ninguém olha pra ninguém. Sinto como se a rodoviária representasse a vida que
temos, todos tem um rumo certo a seguir, muitos conseguem seguir o caminho
correto, outros já não tem essa capacidade. Eu fico pensando em como já passou
tanta gente por aqui em busca da felicidade, seguindo sempre em frente. É
difícil imaginar que o meu destino final é o ponto de partida de outras
pessoas. Mas é assim que as coisas acontecem. É assim que o mundo gira. A
estrada é a vida de muitas pessoas, e o meu destino final é o começo de um novo
alguém.
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