Ele não virá

Sento-me, sozinho no banco da praça. Foi aqui que combinamos de nos encontrar. Espero sem hesitar. Respiro fundo, lembro-me daquele lindo sorriso, aquele rosto angelical, aquele corpo desnudo sobre a cama respirando lentamente. Fecho meus olhos e tento me segurar, sinto vontade de gritar, de sair correndo sem rumo. Tudo que tivemos foi tão lindo, e mesmo assim cá estou eu, esperando aquele rapaz que transbordava amor. Abro meus olhos, baixo a cabeça. Tenho que aceitar que ele não virá. Quem sabe em outra forma de vida, em outra dimensão. Seguro as lágrimas. Seguro a angustia em forma de nó na garganta. Não disse que o amava a tempo, e hoje só eu e o vento que bate em meu rosto sabemos disso, e digo baixinho. – te amo. – E as palavras se dispersam, somem no horizonte, ninguém ouviu, só os pássaros sobre minha cabeça. Levanto-me do banco na praça e volto pra casa, e aguento firme, hoje foi só mais um dia, sem ele.

Eles vão nos ver

Te vejo na rua, e sinto uma vontade imensa de te beijar. Eu sei que você também tem a mesma vontade que eu. Já faz tanto tempo que não nos vemos, e a saudade foi tão grande e estarmos aqui um de frente para o outro, e o mundo não existe. E minha vontade era de te beijar, te abraçar, te cheirar, e te sentir mais próximo de mim. Mas existe um abismo entre nós. O mundo não nos permite amar. Não nos permite ser livres. Vamos escolher um lugar escondido pra nos beijar, não aguento ficar esperando. A saudade que eu tive que aguentar durante todo esse tempo, e ainda assim precisamos nos esconder para nos amar. Se quisermos sobreviver, se quisermos viver um amor, precisamos fingir para os outros que tudo que temos não é nada, e que não existe. Às vezes eu só queria pegar na sua mão e dizer que vai ficar tudo bem, mesmo sabendo que um de nos dois pode morrer a qualquer momento. Então vamos viver uma vida nos escondendo, tentar viver algo lindo neste mundo tão cruel.