sábado, 31 de outubro de 2015

Destino Final


Uma vez eu fiz uma viagem de férias. E mesmo sabendo que só ia visitar alguns familiares, acabei aproveitando o quanto pude. E quando falo que aproveitei, digo que aproveitei até a paisagem na janela do ônibus. Quase sempre não consigo dormir em viagens, então reparo um pouco no mundo que existe lá fora. E começo a achar que a melhor parte da minha viagem é a ida e a volta. Pois eu sinto vontade de estar em cada cidadezinha que vai passando bem rápido pela janela. Fico me imaginando embaixo da sombra de cada árvore. Fico com vontade de me soltar no mundo. Mas quando o ônibus chega ao destino final, dentro de uma grande cidade, e vai até a rodoviária, meu coração se parte. Não é que eu odeie rodoviárias, eu até gosto, mas é triste. É triste ver que as pessoas estão ali só de passagem, elas chegam com suas malas prontas, algumas com a cabeça erguida, outros com pressa, ninguém olha pra ninguém. Sinto como se a rodoviária representasse a vida que temos, todos tem um rumo certo a seguir, muitos conseguem seguir o caminho correto, outros já não tem essa capacidade. Eu fico pensando em como já passou tanta gente por aqui em busca da felicidade, seguindo sempre em frente. É difícil imaginar que o meu destino final é o ponto de partida de outras pessoas. Mas é assim que as coisas acontecem. É assim que o mundo gira. A estrada é a vida de muitas pessoas, e o meu destino final é o começo de um novo alguém.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O baú e a chave


Um baú. Cada pessoa é como se fosse um baú. Tudo que fazemos durante todos os dias é obter acontecimentos nas nossas vidas e tudo que acontece vai se acumulando dentro de cada ser, dentro de cada baú. Alguns são cheios de recordações tristes, como problemas com a família. Aquele pai que nunca conheceu, ou até aquela mãe que nunca te deu um incentivo, ou até um carinho. Amores não correspondidos ocupam quase a maioria de todos os baús deste mundo, mas muitos deles também guardam boas recordações como, por exemplo, a primeira vez que conseguiu pedalar de bicicleta, ou até aquele dia em que seus pais não te deixaram tomar banho de chuva, mas mesmo assim você foi porque sua vontade de guardar aquele momento feliz foi maior do que guardar um momento emburrado por sua mãe não ter deixado você se molhar na chuva. Quando crescemos, a maioria dessas recordações mudam. Começamos a achar que os dias são todos iguais, e que o ano se passa como o sopro que fechou as janelas, mas o diferente nós não percebemos. O diferente existe, e sabe o que ele é? A resposta estava na sua frente o tempo todo, é simples, a resposta era o tempo todo o outro baú. Porque esquecemos que próximo da gente sempre existe outro ser que também guarda dentro de si muitas histórias boas, e também muitas histórias ruins, mas elas estão ali para serem descobertas, assim como você também está para ser descoberto. Só nos falta uma coisa. Uma das coisas que considero a mais difícil de achar. A chave que vai abrir cada baú. Ela vai estar em qualquer lugar menos nos bolsos de cada ser. Ela pode estar em suas mãos, na sua mente ou até em seus pés, mas na verdade ela quase sempre vai estar dentro de cada coração, é lá que na maioria das vezes vamos encontrar a chave que vai abrir cada baú, cada ser. E só assim vamos poder descobrir o mundo ao nosso redor, e fazer de cada dia um dia diferente, pois estaremos fazendo novas descobertas sempre.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Triste e Doce Solidão


Aqui estou de frente comigo mesmo. O reflexo desta pessoa não faz sentido algum para mim. É como se este tempo todo eu nunca tivesse feito à diferença na vida deste reflexo. E então eu sinto como se estivesse esse tempo todo jogado palavras ao vento. Sinto como se não estivesse com ninguém, sinto-me sozinho. Sinto-me como se tivesse preso a uma casa, e desta forma eu não me sinto em casa em lugar nenhum. Não quero mais ter que olhar este reflexo, não quero mais ter que pisar nesta casa, nem nesta rua, nem nesta cidade. Quero esquecer que um dia conversei ao vento, que nunca fiz a diferença. Chega disso! Não quero mais me afogar em lágrimas, eu quero tentar sorrir. Mas quero sorrir de verdade, dar gargalhadas. Quero ser feliz.

É então que eu percebo que isso vai me custar uma vida inteira. Desculpa. Mas acho que não consigo. Acostumei-me, e hoje sei o quanto isso vai me machucar. Não quero mais, e ao mesmo tempo sinto como se não pudesse. Eu quero ter que deixar esta solidão, mas foi quem me acolheu quando mais me senti triste. Quando eu tiver forças para me levantar um dia, e repensar o que realmente eu quero fazer. Vou resolver sair desta casa como digo, e buscarei a felicidade bem longe da solidão. Triste e doce solidão.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

La Muerte


Conseguia sentir o cheiro do seu sangue pulsando em suas veias. Sua boca salivava, e estava prestes a realizar seu grande desejo. Ela então se deitou aos seus pés. Notava-se em seu olhar a falta de vida, mas o que mais importava para ele era o seu sangue quente. Foi então que ela fechou os olhos e tentou imaginar coisas boas, o que era quase impossível, pois sua mente era triste. Ela sabia que a morte era a saída para tudo. Ela sabia que estava sozinha neste vasto imenso azul. Sentia-se como um grão de poeira. Ele então a pegou em seus braços e cheirou sua pele. Passou suavemente as mãos em cada parte de seu corpo. E em seu rosto de olhos bem fechados, tranquila, deu-lhe um beijo e ao mesmo tempo, sugou toda sua alma, a deixando sem vida. Logo em seguida, ele como suas unhas, rasgou todo o seu peito, chegando o mais profundo, e vendo seu coração dar suas ultimas batidas em carne viva, e pensou. O amor dela não poderia ser de mais ninguém se não meu, e agora descansa dentro de minha escuridão.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Perdido


Me encontro perdido no mundo. Tem tanta coisa pra fazer, tanta tarefa pra cumprir, e eu não sei nem por onde começar. Estou em duvida de qual caminho devo seguir, se o da direita ou o da esquerda, e já não sei o que fazer. Não lembro as escolhas que fiz, se tive acertos ou se sempre errei. O que sei, é que me sinto como se tivesse a obrigação de fazer alguma coisa. É como se fosse somente isso todos os dias. Acordar, fazer algo construtivo e cansativo, fazer o cérebro consumir palavras e vozes, cansar a alma e o corpo, e ao final do dia dormir. Estou confuso do que realmente isso tudo é. Confuso do que isso tudo significa. Chegará um dia em que me encontrarei velho e me perguntarei se isso tudo realmente valeu a pena, e sinceramente eu não sei, e talvez eu nunca saiba.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Recomeçar

Se algum dia o sorriso acabar, tome aqui um pouco do meu sorriso. Se um dia a fé faltar, colocarei você em minhas orações. Se um dia alguém que ames muito partir, saibas que amar é eterno. Se um dia o amor acabar, plantaremos um jardim de flores vermelhas. Se a guerra nunca acabar, vamos protestar por uma metamorfose. Se o sol não nascer, vamos dizer que ele tirou férias. Se um dia você se ferir, teremos cicatrizes em comum. Se um dia não conseguir segurar suas lagrimas, dirás que são pingos de chuva. E se um dia não tiver quem abraçar, abrace uma árvore. Se algum dia sentir muito frio, sinta-se forte como um vulcão. E se algum dia se sentir sozinho, saiba que seu corpo é uma galáxia de estrelas. Se um dia as estrelas sumirem, diremos que elas estão se aquecendo atrás da lua. Se estiver com medo do escuro, feche os olhos e imagine um lugar bonito.

ir embora

  Me deixe em paz. Quando eu quiser ir embora, me deixe ir. Você não precisa me dizer mais nada. Não precisa fingir que somos amigos. Não pr...