quinta-feira, 24 de julho de 2014

O Menino Azul



          Eu me sinto tão velho. Mas eu nunca me senti tão bem em toda minha vida, apesar das dores que sinto em todo o meu corpo, mas sei que é por causa da idade, então isso não importa. O dia hoje amanheceu muito bonito em Wallingford. O parque Bull Croft, olhando aqui da janela, parece bastante convidativo para uma caminhada, mas parece impossível quando você sente que suas pernas já não andam como deveriam. E por isso eu vou levando a vida aqui pela janela. Observando as pessoas passarem. Acho que eles não sabem viver a vida de forma correta. Eu queria estar no lugar delas, mas não poderia.
Minha neta Molly Grace sempre vem me visitar. Na verdade, ela cuida de mim como se eu fosse um bebê recém-nascido. Ela tem 19 anos e ainda está solteira. Pelo menos é sempre isso que ela me diz. Sempre que pergunto sobre seus relacionamentos ela sempre me responde que as pessoas hoje não levam mais nada a sério. E acho que acredito nela. Acho que já esta quase na hora dela chegar inclusive.
Enquanto ela não chega, observo a vida passar pela janela, e penso em algumas coisa que já vivi e algumas coisas que eu gostaria de ter vivido com mais coragem. Só agora percebo que errei e que o tempo não volta. Alguns arrependimentos me perseguem quando repouso minha cabeça à noite, e se transformam em sonhos quando consigo dormir. Quase sempre acordo no meio da noite chorando por ter sonhado com ele mais uma vez, o horizonte.
Escuto a porta se abrir de repente e continuo olhando pela janela, pois sei que é minha Neta Molly.
– Eu disse pra você me esperar chegar para que você não descesse as escadas sozinho vovó. ­ - Molly, como sempre com seus tons de preocupação, mas sempre falava comigo com uma voz suave, mesmo que eu quebrasse alguma de suas regras.
– Desculpa Molly. Eu não resisto deixar de ouvir os seus sermões. Você é uma menina boa que se preocupa comigo. – Falei olhando em seus olhos. Lindos olhos azuis.
– Esta desculpado. Só me promete que não fará mais isso. Se você caí escada a baixo, Deus me livre que isso aconteça... Eu nem consigo imaginar isso. – Molly abria o restante das cortinas da sala, e depois me olhou fixamente e perguntou com um sorriso entre os lábios. – Já tomou café esta manhã? Senhor Charles Ross.
– Aceita me acompanhar Senhorita Molly Grace? – Respondi também sorrindo.
                Como de costume em todas as manhãs, ela me levava até o meu quintal, onde eu poderia ver a grama verde, as plantas, e as flores que minha falecida mulher plantou, mas que ainda continuavam bonitas como sempre. Sentei-me em uma cadeira aconchegante e pus meus óculos sobre a mesa. Logo depois Molly foi até a cozinha, fez um chá, consegui ouvir o som do bule. Depois ela saiu pela porta dos fundos me olhando com aquele olhar brilhante de sempre. Em suas mãos uma bandeja, com frutas, biscoitos e pães. Molly sempre comprava pães todas as manhãs. E o bule com o chá. Nos servimos e começamos a admirar a fonte no quintal. Sempre gostava de ouvir o som da água caindo, me fazia relaxar um pouco a mente.

– O senhor ainda consegue ver ela aqui? – Molly demonstra preocupação sobre mim, devido a falta que minha falecida esposa fazia.
– Sim Molly. Sempre. – Fico em silêncio.
– Eu estava vendo que o senhor ainda guarda alguns objetos dela. Gostaria de se livrar delas?
– Sim Molly. O que você puder fazer faça por mim. Estou impossibilitado de caminhar um quarteirão sozinho.
                Apesar de Molly ser aquela garota meiga de sempre. Eu media minhas palavras com ela. Eu tinha medo que um dia eu falasse algo demais, e acabasse abrindo meu coração para ela e estragasse a imagem de bom velhinho que ela ainda tem de mim. Ficamos conversando coisas aleatórias. Logo ela preparou o almoço e comemos juntos e como de costume ela volta para sua casa e me deixa sozinho.
                Decidi que iria dormir no quarto de baixo, já que estava quase impossível dormir no meu antigo quarto do andar de cima. Minhas pernas já não aguentavam mais e Molly não podia ficar sempre fazendo esse sacrifício por mim. Estava velho, e precisava tomar cuidado, não poderia cair da escada e deixar que minha neta encontrasse um velho morto. Iria deixa-la traumatizada. Dormir no quarto de hospedes me fez pensar a noite toda em minha vida, já que eu não estava conseguindo dormir.
               
                No dia seguinte, acordei com barulhos pela casa, parecia que havia muitas pessoas andando por todo lugar. Então decidi me levantar e dar uma olhada para ver o que estava acontecendo. Quando saio do quarto, acabo descobrindo que não foi uma boa ideia ter levantado esta manhã.
– Surpresa! – Grita minha neta Molly, fazendo com que todos os familiares viessem até a porta onde eu estava.
– Surpresa! Feliz aniversaria! Parabéns! – Era o que todos diziam com sorrisos largos entre os lábios.
                A verdade é que eu não estava muito feliz. Mas fingi felicidade. Eu não queria estragar a boa vontade de ninguém por minha infelicidade, então fingi estar alegre com aquilo tudo. Agradeci a todos e quando me vi estava vestido e sentado no jardim, na minha velha cadeira aconchegante, admirando a fonte que jorrava água e que me trazia paz.
                Fiquei durante um tempo admirando a fonte até que uma criança, que eu não lembrava bem. Parecia com um de meus bisnetos. Realmente não sabia quem era aquele pequeno ser angelical que estava sentada ao meu lado me olhando com grandes olhos azuis.
– O senhor é o aniversariante de hoje! – Disse a menininha, que deixava seus olhos grudados em mim.
– Sim, é meu aniversario hoje. Você parece feliz. – Respondi.
– O senhor não? Eu estou muito feliz. O senhor me faz pensar umas coisas. – Diz a garotinha sorrindo.
– Que tipo de coisas? – Pergunto curioso.
– Uma vez uma professora da minha escola, me falou que quando eu crescer e ficar velhinha, eu poderei relembrar coisas boas que já vivi.
– Sim. Isto é verdade. Poderá lembrar-se de muitas coisas. Eu me lembro de bastante coisas. Sua professora tem razão. Nossa mente é como uma câmera fotográfica, que registra os melhores momentos da vida.
– O senhor não parece estar tirando fotos nesse momento. – Afirmou a garotinha que neste momento estava olhando ao seu redor, para a festa de aniversario que celebrava a idade daquele velhinho.
– Você tem razão minha pequena. Talvez a minha visão já não ajude muito. – Ri um pouco depois que disse isso, e escutei risos da pequena garotinha.
– O senhor deve ter bastante histórias divertidas para contar. – Retrucou a garotinha que parecia curiosa.
– Não muitas. A minha historia é triste. – Depois que disse isso, abaixei minha cabeça.
– Então você pode me contar, e se em algum momento eu rir, é porque sua historia não é triste. – Disse a garotinha que deixava seus olhos brilharem de entusiasmo.
– Qual seu nome minha pequena? – Perguntei curiosamente.
– Rose Jewelers. Você poderia me chama de Pequena Rose. – Sorriu a pequena garotinha.







domingo, 22 de junho de 2014

Parábola Mirabolante



O brilho dos meus olhos vão se apagando, assim como as suas ultimas palavras escritas sobre a areia. É como se eu nunca tivesse visto seus conselhos, suas palavras sabias. E mais uma vez me vi um ser errante. Decidi segui-lo, correndo por aí, uma parábola mirabolante, um ser desconcertante, um ser errante. Estava vivendo de migalhas de sonhos alheios. E foi assim, eu via conselhos roubados, e neles eu tentava ver você, tentava lembrar-se das suas palavras sábias que me acalmavam. Encontro-me em um vazio, perdido ao alento. Não sei se choro, ou se finjo ser forte. Fecho meus olhos, e imagino uma cena bonita, isso nunca foi uma sintonia perfeita, mas eu me sinto decidido. Estava decidido segui-lo, sair correndo por aí, uma parábola mirabolante, um ser desconcertante, um ser errante em busca de seus pequenos sonhos.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Palavras de uma Carta


Escrevi na carta que te entreguei coisas sobre minha vida. Coisas passadas. Feridas abertas e fechadas. E nesta carta eu te entreguei um pedacinho de meu coração. Camadas que você tinha que descobrir sozinho. Eu poderia te amar a vida inteira, isso me cansaria muito, mas eu sentiria orgulho de mim mesmo por essa loucura. Há alguns anos eu escondi coisas que ninguém sabia e agora em um simples pedaço de papel você sabe tudo sobre mim. Meus pequenos erros, que fazem de mim um humano. Só de imaginar que você pegou minhas letras em suas mãos, meus poemas, meus desenhos, meus sentimentos, me sinto leve e me sinto um completo idiota por ter me entregado tão fácil. Eu queria ter escondido grande parte de mim. Mas não consegui esconder numa carta, imagine só, se você visse tudo em meu olhar. Eu queria te ter aqui bem pertinho de mim. Me sinto tão impotente. Lembro-me das noites em que brincávamos de anjo e sapo. Você era um anjo lindo, quase um principie, mas ninguém é príncipe. E eu um sapo. Um sapo que não se tornava príncipe. Você ajudou a me aceitar ser assim. Um sapo cheio de defeitos, feio, simples e sem grandes atrações, mas que ao ser beijado não muda, não desencanta, sempre será este sapo ao qual você conhece desde o inicio. Este ao qual me descrevi na carta. Esta pessoa, ou pequeno anfíbio, simples e inocente de alguma forma, ainda acredita que possamos nos encontrar em algum lugar, em um tempo, não sei se perto ou distante, mas sinto que irá acontecer. Que possamos nos encontrar. Peço para que guarde as cartas que eu te dei, e se não for aquilo que eu realmente imaginei, ou senti, rasgue-as, ou devolva-me.

Passageiro Disperso


Às vezes eu fico olhando pela janela no ônibus, vendo tudo passar rapidamente, tentando ver, enxergar além das coisas. É aí que eu percebo que não consigo ver nada quando estou pensando em você. Fico pensando que a qualquer momento verei você em alguma rua, dessas que passam rapidamente pela janela. Às vezes penso, que se um dia eu te visse na rua e você me visse olhando pra você, eu tentaria me esconder pra evitar contato visual, mas às vezes tudo que eu queria, era barrar com você dentro do ônibus, e olhar você sentado perto da janela tentando ver algo que não ver, e te chamar a atenção.

– Posso me sentar aqui? – Pergunto.


Fecho meus olhos por um segundo e penso o quanto queria que isso fosse verdade. O quanto queria me sentar ao seu lado e sentir um pouco do seu cheiro, mas estou aqui sozinho pensando em coisas que talvez não aconteçam. E talvez nunca aconteçam mesmo, já que você nem se reside em minha cidade.

domingo, 6 de abril de 2014

Paraíso Sombrio


Um momento. Estou escutando musica sozinho e pensando na vida. Há um mundo lá fora girando, e ele realmente é enorme como dizem, e como passa na TV. Às vezes eu fico pensando quantas cidades eu poderia conhecer, segui-las como aponto as linhas de minhas mãos, um grande mapa, que percorre, é longo, e vejo que ainda estou só no começo de uma longa jornada. Isso me assusta! Encontrei em mim mesmo, algo tão confuso, é um tipo de consciência absurda, leves ares, pesados sombrios, simples capacidade de pensar! Às vezes são mil em uma, às vezes são uma em mil, e eu não sei qual delas é a mais leve. Às vezes me sinto mal. Isso tudo é tão grande e eu sou tão pequeno. Sinto-me uma célula inútil, que agora esta perdendo sua função, e acho que isso não é bom. Tento evitar esses pensamentos, tento joga-los distantes de mim, deixando-os pelo caminho, que agora estou seguindo. As pessoas dizem: Toma cuidado, você só tem uma vida. Mas isso é engraçado, eu me sinto em um grande vídeo game. Ou jogo e vivo algo bom, e morro feliz, ou jogo como se não ligasse pra uma droga de jogo e simplesmente morte. Sinto que vou caminhar muito, isso pode ser inútil, quando sei que isso terá um fim desastroso. E prefiro evitar, mas o caminho é longo, e o mundo é grande, e o jogo não acaba. a fase não zera, mas todos nós morreremos. Querendo ou não, querendo ou sem querer, todos nós um dia morreremos. E tento não pensar mais uma vez. Fico a escutar musica sozinho, e tento esquecer que isso tudo é real.

domingo, 30 de março de 2014

O Tempo Bateu Asas e Voou


O tempo passa tão rápido que tenho medo de deixar de fazer algo hoje e me arrepender amanhã de não ter feito, e se eu fizer, tenho medo de me arrepender. E se o dia de amanhã não chegar? Ó céus! O que estou fazendo? Olha só onde vou parar, em um buraco frio e sombrio, dormindo junto com outras pessoas que também deixaram seu tempo passar. Fecho meus olhos e tento não pensar nisso. Meu Deus! O tempo está correndo! Abro meus olhos e o dia já acabou. Estou vivendo um dia após o outro, mas só agora percebo que não estou vivendo. Estou morto? Ou estou cavando minha própria cova? 

Lágrimas de desespero...

Eu quero sair correndo por aí, numa estrada sem fim, sem rumo, em lugar nenhum. Quero ter que encontrar um belo nada em lugar nenhum, mas pelo menos vou ter procurado. Se eu me perder, creio eu que já esteja perdido desde o inicio disto tudo aqui. 

E me faço perguntas como: Quem sou eu? Onde estou? Onde fui parar? Droga! Meu tempo esta acabando! Acho que a melhor solução, é deixar isso tudo acabar, e me acostumar em não ter respostas quando sei que ninguém as tem.

domingo, 9 de março de 2014

Palavras que Ecoam


Abro meu coração e deixo as palavras saírem,
Mesmo vendo todas elas sobre mim caírem.
É como se eu ouvisse o meu próprio eco,
Vindo do além como velhos,
Tudo que eu queria era que elas entrassem em seus ouvidos.
Eu te imaginei lindo, só pra mim e mais que perfeito
Lindo como cada amanhecer,
Eu fico a querer,
Um carinho seu.
Escuto sozinho minhas palavras que ecoam,
Se eu soubesse que doeria tanto não insistiria.
Poderia fugir
De você,
De mim,
Porque não suporto,
Este lugar sem ti.
E tudo que eu quero é ficar escondido,
De tudo e de todos.
Minha partido forço,
As vezes acho que estou ficando louco,
Quem escuta as próprias palavras ao vento?
Talvez eu esteja te escutando em minha mente,
Me dizendo que devo seguir em frente,
São palavras que saem de mim,
Voltam pra mim,
Em ecos distantes,
E tudo que quero é um instante,
Para pensar mais um pouco,
Escutar esse vazio oco,
Que me diz,
E rediz:
Que o mundo é um lugar triste para viver,
Agora eu sei o que é estar sem você.
É você, é você e por você,
Que eu sigo pensando todo os momentos.
Me diga o que fazer,
Menos partir sem você,
Eu sei que a terra é triste,
Não seria se você insistisse,
Então fique,
E não deixe ecoar,
Palavras vazias pelo ar,
Sem significado algum.

quarta-feira, 5 de março de 2014

O Menino Azul


Depois de grande insistência de James, eu acabei cedendo para ouvir o que ele tinha para me dizer. Correu para o lado de fora do orfanato, e seguiu pelo caminho do jardim que estava todo coberto de neve. Fazia muito frio e eu estava sem o casaco. Quando chegamos ao local que ele queria ficar, parei e somente o observei ate que ele dissesse algo. Ele ficou calado, então decidi quebrar o silêncio.

– Ta fazendo frio aqui fora. O que é tão importante que você não pode me dizer em um lugar mais quente? – Perguntei olhando para James que tentava se aquecer com seu casaco de frio.
– Lá dentro elas podem nos escutar. E eu quero que você, somente você saiba disso. Promete que não vai me decepcionar? – Quando James falou que elas poderiam nos escutar, ele quis falar das freiras que cuidavam da gente no orfanato.
– Prometo que a única coisa que vai me decepcionar vai ser se você não contar isso logo. Estou com frio! Seja rápido. – Eu tentava me aquecer com os próprios braços, pois não tinha pegado um casaco.

James tirou seu casaco, percebendo que eu estava sentindo frio. Então aceitei como gesto de educação. Ele olhou em meus olhos e sorriu, e pela primeira vez eu senti que aquilo era muito bom. Senti-me protegido.
– Obrigado James. – Agradeci.
– O que tenho pra te dizer agora é mais forte do que tudo que você já me disse. Tudo que você me contou sobre sua família, sobre a morte de seu pai, e o abandono da sua mãe. Eu sinto muito por tudo isso. Mas eu sinto algo por você muito forte e não consigo explicar. – James me olhava com um olhar tão triste e isso me deixou incomodado.
– Eu não queria preocupar você com as minhas coisas, esqueça isso e vamos pra dentro do orfanato, está fazendo frio e elas podem nos pegar aqui. – Eu não entendia o porque de James estar me dizendo aquelas coisas naquele estado, do lado de fora e no frio.
– Escute. As freiras nos matariam. Mas eu quero que saiba que eu descobri algo novo. – James falou a palavra novo e eu senti que aquilo era bom, vi um brilho em seu olhar.
– O que você descobriu? – Olhei para James curioso, querendo saber o que ele tinha pra me dizer.
– Quando você me contou que achava que a terra acabava no horizonte, e que um dia você gostaria de conhecer o fim do mundo, você me contou que tinha descoberto que a terra era redonda e que isso tinha perdido a magia, e que você gostaria de ter descoberto isso com as pessoas que você mais amava, mas agora você sabe que está sozinho.
– Porque você esta me dizendo isso James? Eu não preciso que você me jogue essa realidade. Isso é tão cruel. Não esperava isso de você. – Dei as costas para James e decidi ir embora quando senti sua mão me puxar de volta pra ele.
– Você não está sozinho Charlie. Você tem a mim. Eu prometo ir com você até o horizonte. – Vi seus olhos se encherem de lágrimas.
– Eu sei que não há um novo horizonte após o horizonte. Lembra quando falei que isso tudo tinha perdido a magia pra mim? – Falei olhando sério pra ele e um pouco triste pela minha família, por me sentir sozinho.
– Lembro sim. Você vai descobrir o horizonte sozinho?
– Sim. Eu vou sozinho James. Eu não sei o que vai ser do dia de amanhã, mas eu sei que vou estar bem.
– Eu quero ir com você Charlie. Por favor. Me promete que eu poderei ir com você até  lá.
– Eu não sei James. Você sabe que isso pode não...

Fui interrompido por algum movimento que não entendi bem o que era. Foi tão rápido que nem eu sabia direito o que estava acontecendo. Eu senti o calor dos lábios de James junto ao meu. Depois que eu percebi o que estava acontecendo, por impulso e medo empurrei James.

– O que você fez? – Olhei para James esperando uma resposta. Minha segunda reação foi tirar o casaco e joga-lo no chão.
– Eu acho que te amo. – James olhou para o casaco no chão, deixando uma lágrima cair, logo depois levantou o olhar me olhando.
– Você esta me amando da forma errada James. Por favor, me deixe sozinho. – Dei as costas e comecei a andar e ainda ouvi-o falar e parei para escuta-lo.
– Me prometa que não vai me abandonar.
– Eu não sei o que vai ser do dia de amanhã. Sinceramente eu não sei. – Respondi ainda de costas.
– Pelo menos se lembre de mim quando estiver no horizonte. Me promete?
– Me desculpa, mas eu quero ficar sozinho agora. – Voltei a andar sem olhar para trás.


Eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Uma explosão de raiva e ao mesmo tempo de arrependimento. Eu gostei daquela sensação, sentir a boca dele contra a minha. O que estou pensando? Isso foi a coisa mais estúpida que já aconteceu em toda minha vida. Se as freias tiverem visto isso? Me deus, estou morto. E se elas não tiverem visto, será muito bom. Meu Deus. Droga. Será que Deus viu isso? Será que vou para o inferno? Vou pegar alguns caroços de feijão na cozinha e orar de joelhos em cima pedindo perdão a Deus por isso, não quero queimar no inferno. Droga. Droga. Droga. Como faço pra esquecer aquelas sensação? Droga. Preciso dormir por um longo tempo para tentar esquecer.

sábado, 1 de março de 2014

Plágio



Ficou assustado com o que viu? Acho que... Você ainda não viu nada! Semana passada encontrei-me com você em um movimento suave, só que parecia um plagio dos meus últimos encontros, e eu me senti sozinho. Você me olhou nos olhos só porque eu pedi, mas agora eu sei o quanto isso é fantástico, quebrar a cara em frente ao público, e eu me senti sozinho. Você não quis sentir o poder da minha arma, você teve medo, não me disse nada, você não quis sentir o poder do meu abraço. Eu nunca me senti tão grande, acho que esqueci como vim parar aqui. Eu acho que já te vi em meus outros encontros fracassados, e você não quis sentir o poder da minha arma. Você teve medo, se escondeu, não me disse nada, acho que você fugiu. O que eu tenho a dizer? Nada. Você não serve pra nada. Porque se você servisse pra alguma coisa, eu não estaria me sentindo tão Vintage. O que você tem a me dizer? Esqueça, eu não quero ouvir. Você é simplesmente igual a qualquer um. O que você sente agora estando pelado na frente de outras pessoas? É isso que você faz. Vende seu corpo pra depois conquistar a alma. Mas você se ferrou comigo. Porque no primeiro encontro eu saquei que isso não passava de um flashback. Eu preciso sentir algo real, não fictício. Você não foi real, você não existiu. Acho que me esqueci de você. Que merda em? Você não quis sentir o poder da minha arma.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Suplica de Um Sapo Sem Sentimentos



Eu sou um sapo. Estava pulando por aí em busca de algo para me distrair e me senti perdido. Foi questão de um segundo e perdi a memória. Meu sapo? Quem sou eu? Por onde eu pulava, eu encontrava presentes voadores, e dentro de cada um havia nada. Nada. Eu não podia ver, mas podia sentir. Não passava de um grande nada. Será que eu não existo mais? Onde eu fui parar meu sapo? Eu não sei mais quem sou. Não mais. Mas sabe de uma coisa? Pelo menos eu não vou precisar fingir ser algum outro animal que não sou, porque realmente não sou. O que eu estou fazendo? Estou mentindo. Neste exato momento estou mentindo. Eu não sou gente, e não tenho sentimentos e não existem presentes voadores, como posso fingir ser um animal se eu sou um animal? Eu não sou gente, como posso estar falando? Ai meu sapo. Tenho que fugir daqui, pois esse lugar esta infestado de sapos. Minha memória esta voltando, e agora eu sei que sempre fui um sapo. Eu não falo, eu fico calado, fingindo não falar. Mas eu sempre vejo como me tratam. Eu vejo presentes voadores, e eu finjo não vê-los, e tento não senti-los, mas é inevitável. Eu sou e sempre serei um sapo, queira ou não, eu sempre serei esse sapo de que falo. Meu sapo, onde esta meu sapato? Sapo! Estou mentindo. Eu não sou gente, sou um sapo, e tudo não passa de minha imaginação. Realmente eu nunca me senti assim. Agora tudo esta claro. Eu consigo sentir. Não pode ser. Alguém lançou uma maldição em mim. Como posso sair daqui? Eu preciso sair daqui! Mas agora vendo o reflexo nesse lago, eu sei que eu não sou mais quem eu era antes. Será que os outros sapos podem me ver chorar? Eu quero voltar a ser gente, mas como? 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Final Feliz



Era por do sol, e lá estava ele indo em direção ao mar. Foi aí que eu pensei como tudo isso tinha acontecido tão magicamente. Há um tempo estávamos tão distantes um do outro e hoje nós estamos tão próximos que penso que esse deveria ser o destino certo para nós. Voltei a revirar o meu passado, e todo o tempo que perdi conhecendo pessoas que me levaram a lugar nenhum, que deixaram cair varias vezes, que me deixaram abandonado em becos vazios e sombrios, talvez fosse necessário passar por isso para encontra-lo. Agora, nada se compara a esta cena linda, vê-lo banhar-se nas ondas do mar, sentir que ele sente o mesmo por mim, e que ele sempre pensa em mim sempre que pode. Eu me sinto tão feliz por ama-lo, e por tê-lo do meu lado todas as manhãs quando acordo e vejo aquele sorriso angelical me dizendo um lindo eu te amo. Eu me sinto a melhor pessoa do mundo quando o vejo olhando intensamente para mim. Antes eu vivia de mentiras, dificilmente por mim, eu vivia dentro das mentiras dos outros que se acercavam a mim, mas agora eu tenho certeza de que encontrei a pessoa certa para viver comigo até a velhice. Olhando para ele se banhar no mar, eu sinto medo, mas não medo de que ele possa um dia me deixar, nem que eu possa deixa-lo um dia, ou que o amor acabe, ou qualquer outra coisa. Meu único medo, é que o mar o leve e não o traga de volta. Mas como sei que isso não vai acontecer, vou aguarda-lo voltar de lá, para que eu possa sentir mais um beijo seu.


Um Milhão de Beijos




Quantos beijos seus eu posso ter? Um milhão? Ainda é tão pouco, é tão pouco, porque eu estou desejando te beijar inteiramente, intensamente e completamente. Aconteceu alguma coisa dentro de mim, esta tudo revirado, foi assim que você me deixou. E a única coisa que eu quero é te ver sorrir pra mim mais uma vez, e se quiser me deixar bagunçado, quero que faça isso sempre que puder, porque é assim que eu acordo feliz, querendo dançar na chuva mesmo sem chuva. Eu danço embaixo do chuveiro pensando em você, em querer mais um abraço seu, mais um beijo seu, mas um carinho seu, até onde se medir o mundo inteiro e somar e dividir, coar, transparecer, ceder, encher, sentir na pele, perfume de pescoço, eu quero ter você pra mim. Estou ficando louco por mais um beijo, um beijo que só pode ser seu. Meu anjo, que tem o sorriso mais lindo e sincero que já vi. Beija-me agora?


ir embora

  Me deixe em paz. Quando eu quiser ir embora, me deixe ir. Você não precisa me dizer mais nada. Não precisa fingir que somos amigos. Não pr...