quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Suplica de Um Sapo Sem Sentimentos



Eu sou um sapo. Estava pulando por aí em busca de algo para me distrair e me senti perdido. Foi questão de um segundo e perdi a memória. Meu sapo? Quem sou eu? Por onde eu pulava, eu encontrava presentes voadores, e dentro de cada um havia nada. Nada. Eu não podia ver, mas podia sentir. Não passava de um grande nada. Será que eu não existo mais? Onde eu fui parar meu sapo? Eu não sei mais quem sou. Não mais. Mas sabe de uma coisa? Pelo menos eu não vou precisar fingir ser algum outro animal que não sou, porque realmente não sou. O que eu estou fazendo? Estou mentindo. Neste exato momento estou mentindo. Eu não sou gente, e não tenho sentimentos e não existem presentes voadores, como posso fingir ser um animal se eu sou um animal? Eu não sou gente, como posso estar falando? Ai meu sapo. Tenho que fugir daqui, pois esse lugar esta infestado de sapos. Minha memória esta voltando, e agora eu sei que sempre fui um sapo. Eu não falo, eu fico calado, fingindo não falar. Mas eu sempre vejo como me tratam. Eu vejo presentes voadores, e eu finjo não vê-los, e tento não senti-los, mas é inevitável. Eu sou e sempre serei um sapo, queira ou não, eu sempre serei esse sapo de que falo. Meu sapo, onde esta meu sapato? Sapo! Estou mentindo. Eu não sou gente, sou um sapo, e tudo não passa de minha imaginação. Realmente eu nunca me senti assim. Agora tudo esta claro. Eu consigo sentir. Não pode ser. Alguém lançou uma maldição em mim. Como posso sair daqui? Eu preciso sair daqui! Mas agora vendo o reflexo nesse lago, eu sei que eu não sou mais quem eu era antes. Será que os outros sapos podem me ver chorar? Eu quero voltar a ser gente, mas como? 

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